O Deserto Continua Lá...

Post. Elton Roney Carvalho ( [i])

Como desejamos que acabe o dia de amanhã? Espero o melhor, deve afirmar alguém. A nossa construção social nos leva a acreditar que podemos evitar grandes maus acontecimentos. Após a racionalização iluminista e o desenvolvimento da ciência, foi dito que a partir de então tudo seria positivamente bom.  Nós desejamos uma sociedade justa. Todos desejam. O que queremos é uma estrutura social que traga paz e bem-estar. Mas, o poder não está em nossas mãos. O que podemos fazer é nossa parte, não apenas. A nossa parte é uma grande parte.

A nossa parte como transformadores deve ser feita de um modo micro para um modo macro. Não é fácil. Nada é. Mas, quando começo a resolver-me dentro de um contexto que escolhi viver eu já comecei. O bem começa em mim. A restauração espiritual vem do céu para mim e por mim alcança as ruas de uma cidade inteira. Discurso? Não! Não, é apenas um discurso. Está escrita em sangue a história de homens que mudaram o curso dos acontecimentos. Discurso? Não, só o discurso não tem poder algum, aliado a uma prática ele traz um significado indizível. Sozinho? No começo, sim. Mas, sendo a proposta guiada pela Verdade, pessoas passarão a professá-la, pois, quem não quer um curso da história bom para o bem, comum?

Não preciso citar os grandes nomes que tiveram a capacidade para desempenhar uma transformação. João Batista pregava no deserto (Mateus 3). Sua intenção não era aglomerar pessoas ou ser famoso pelo seu modo excêntrico. Ele foi preparado e trouxe significado para uma geração incrédula. Em meio a um deserto ele fez sua preparação para o caminho do Senhor. Sem motivações egocêntricas. O que é difícil, pois, queremos o melhor primeiro para nós, depois, para os outros. Ele desejava pregar para uma transformação que iria verdadeiramente fazer diferença. Não era “papo furado”.

Nós podemos. Podemos fazer algo relevante. Como igreja que somos. Ekklesia. Somos todos unidos pela mesma causa. A causa da luta diária pela perspectiva de vida. Pela vida em meio às mortes causadas pela falta de iluminação espiritual, educacional e emocional. Podemos ser relevantes para uma sociedade caída. Juntos nós poderemos dar sentido, mediante a Palavra de Deus, a vidas sem sentido. Sim. Trazer sentido, pois, a Palavra de Deus não é para os que são cristãos apenas, mas, ela faz cristãos. Um cristianismo dentro de um templo é como um remédio em um frasco. A palavra deve ser injetada de um modo revolucionário. Muitas vezes os pré-cristãos não compreendem o que dizemos. Porque dizemos da boca para fora. Porque nosso discurso é interno. Para membros efetivos, apenas. O clamor está aí. A seara é grande!

“Onde estão os caras que lutavam dia-a-dia sem perder a ternura jamais?

Onde estão os caras que desmaterializavam moedas de dez mil reais?

Onde estão os caras que desconheciam limites... universal e singular?

Onde estão as provas, onde estão os fatos?

As boas novas eram só boatos?

Onde estão os atos de bravura e rebeldia (ternura guerreada dia-a-dia)?

Será que estamos sós?

Onde estão os caras que pregavam no deserto?

(o deserto continua lá)

Letra e música de Humberto Gessinger e Carlos Maltz. Somos os responsáveis por uma pregação de salvação relevante.

Eis um clamor!

O deserto continua lá, eu quero ir até lá... vamos?

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Elton Roney Carvalho

                                    creuza sampaio.